Eu brincava de lanterna
de vidro, com vaga-lumes.
Eu embretava as estrelas
num cavalinho de pau,
me sentia dona delas,
no universo do quintal.
Ah... meu Deus, que bom seria
se eu não tivesse crescido
e as asas da fantasia
voassem sempre comigo.
Uma menina e sua boneca
brincando de ser feliz,
com gemada na caneca
e na ponta do nariz.
Franja, maria-chiquinha
e um vestidinho de chita,
pulando amarelinha,
encaçapando “bulita”.
São dessas artes, eternas,
que a infância guarda o perfume.
Eu brincava de lanterna
de vidro, com vaga-lumes.
Nestas noites, sem limites,
indagava, ante o breu,
quantas estrelas existem
no infinito do céu?
Quanta emoção me cabe,
na moldura da lembrança,
quando acende uma saudade
desses luzeiros da infância?
Minha alma ficou lá
neste universo só meu,
que dava pra iluminar
com lanterninhas de Deus.
A menina foi tão breve,
a moça se refugia,
quando brincando se atreve
acender-se de poesia.
A lua vem pros meus olhos,
cheia de estrelas tão alvas...
Os versos que me dão colo,
São as lanternas da alma.
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