Gurias de pano

Poeta: Joseti Gomes – Gravataí/RS

Declamadora: Dara Montagna Netto – Canoas/RS

Amadrinhador: Ítalo Rossi – Vacaria/RS

Ser mãe nos dias de hoje
é uma coisa complicada!
Tenho três filhas de pano
costuradas, ponto a ponto...
Que bobas! Ficam nos cantos,
cochichando entre si,
pensando que nada vi
só porque vivo ocupada!

A “Nina” às vezes me ajuda,
cuida a caçula para mim:
a pequena “Joaninha”
que nasceu sem as pestanas...
Para a mãe, que muito ama,
filho é presente sagrado
que requer muito cuidado.
Acaso, não é assim?

Hoje cedo me assustei
com a rajada de vento
que levou a “Bibiana”.
Saiu pra rua, sozinha!
Lá da porta da cozinha,
com meu coração na boca,
eu parecia uma louca
gritando: Vem já pra dentro!

Ontem mesmo, foi a prova!
Enquanto cuidava delas,
vi um galinho ciscando
cocoricando um poema.
Ah! Dele, não tenho pena!
Corto seu par de asas,
pode até entrar lá em casa,
mas vai cantar na panela!

O “Tunico”, meu cachorro,
não ajuda em quase nada!
Dorme depois do almoço
e finge que está alerta.
Eu sei que ele encoberta
as artes dessas gurias
que me deixam na agonia,
uma mãe desesperada!

Junto das minhas gurias,
à noite, todas reunidas,
rezamos o nosso terço.
Rogo a Deus em oração,
peço ajuda e perdão,
caso exista algum pecado...
Quero, todas, do meu lado,
pra sempre, por toda a vida.

Nina, Bibiana e Joaninha,
minhas bonecas de pano!
Sei que um dia vou crescer
e deixar de ser criança,
mas cultivo a esperança
de encontrar uma maneira
de manter minhas arteiras,
comigo, por muitos anos!

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