Olhando o rancho tapera com o semblante já puído
O telhado esburacado e o oitão quase caído.
Fiquei parado em silêncio ao lembrar porque eu vim
Pra ver de perto as histórias que o vovô contou pra mim.
Me falava do petiço que domou quando era piá
Que o tempo passa mas tudo permanece a onde está.
O rancho permanecia como ele me relatou
Seus avios e seus aperos no lugar que ele deixou.
Que pena o velho petiço não estava mais alí
Nem meu avô não estava só meu sonho de guri.
Sonho que hoje realizo ao reviver tua história
Visitando o velho rancho em honra a tua memória.
Entrei na sala pequena com uma janela pra o sul
Uma vidraça quebrada sob o mesmo céu azul.
Uma talha feita de barro sobre a mesa da cozinha
Onde guardava água fresca vinda lá da cacimbinha.
Envolta em teias de aranhas num canto cheia de pó
A máquina de costura usada pela vovó.
Um rádio antigo e judiado que nem pilha mais não tem
Que se quedou em silêncio como meu avô também.
Uma canga pendurada com um canzil já quebrado
Refletindo no presente as agruras do passado.
Que herança de valor que hoje recebo de ti
Junto com esta saudade por não estares aqui.
Que Deus te guarde vovô tua história não tem fim
Peramce na lembrança que habita dentro de mim.
Quem sabe um dia no tempo depois de tudo que andar
Ao menos um neto repasse as histórias que eu contar.
3 respostas a “Herança de um piá”