O Saci de duas pernas
Resolveu passear aqui...
Veio de longe, faceiro
Diferente do que eu vi.
Chegou ao sul, bem garboso,
Falando causo e poesia;
O saci de duas pernas
Voa mais que a ventania.
Invadiu a Salamanca
E beijou a Teiniaguá...
Esse Saci é complicado,
Mais cara dura não há.
Seguiu de perto o Blau Nunes
Sem sequer se apresentar;
E se amuntou sem esporas
No lombo do Boitatá.
O Saci de duas pernas
É quase um guri comum;
Que veio ver o Rio Grande
E as crenças de cada um.
Faz folia, joga bola
E se consagra aprontando...
Também frequenta a escola
E segue se apresentando.
Mas aqui no nosso estado
Já quis meter o bedelho;
E derrubou assustado
Seu velho gorro vermelho.
Pois seguiu nas traquinagens,
Mais xarope que mutuca;
O Saci de duas pernas
Sem um susto não se educa.
Um dia errou o pulo,
Pois não se fez de rogado
E então roubou cinco velas
De um negrinho abençoado.
Mas aí veio a bagunça,
Que o negrinho mirou feio;
Porque ninguém rouba as velas
Do Santo do Pastoreio.
O Saci pegou suas pernas
E na estrada virou pó;
Coitado desse Saci
Se fosse uma perna só!
3 respostas a “O Saci de duas pernas”