O Saci de duas pernas

Poeta: Carlos Omar Villela Gomes – Nicolau Vergueiro/RS

Declamador: Miguel Medina Cardoso – Rio Grande/RS

Amadrinhador: Jorge Araújo – São Leopoldo/RS

O Saci de duas pernas
Resolveu passear aqui...
Veio de longe, faceiro
Diferente do que eu vi.

Chegou ao sul, bem garboso,
Falando causo e poesia;
O saci de duas pernas
Voa mais que a ventania.

Invadiu a Salamanca
E beijou a Teiniaguá...
Esse Saci é complicado,
Mais cara dura não há.

Seguiu de perto o Blau Nunes
Sem sequer se apresentar;
E se amuntou sem esporas
No lombo do Boitatá.

O Saci de duas pernas
É quase um guri comum;
Que veio ver o Rio Grande
E as crenças de cada um.

Faz folia, joga bola
E se consagra aprontando...
Também frequenta a escola
E segue se apresentando.

Mas aqui no nosso estado
Já quis meter o bedelho;
E derrubou assustado
Seu velho gorro vermelho.

Pois seguiu nas traquinagens,
Mais xarope que mutuca;
O Saci de duas pernas
Sem um susto não se educa.

Um dia errou o pulo,
Pois não se fez de rogado
E então roubou cinco velas
De um negrinho abençoado.

Mas aí veio a bagunça,
Que o negrinho mirou feio;
Porque ninguém rouba as velas
Do Santo do Pastoreio.

O Saci pegou suas pernas
E na estrada virou pó;
Coitado desse Saci
Se fosse uma perna só!

3 respostas a “O Saci de duas pernas

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