Poeta: Nereu Avila do Nascimento
Um petiço, um cusco e um guri
É trio perfeito da história gaúcha.
São os baluartes da nossa cultura,
Em qual sapiência não tem esta
Tríade de evolução da criatura?
Andam juntos estes três,
Na evolução do povo sulista,
Temos o petiço Mitaí, uma lenda,
O Cusco o mais fiel amigo
E Guri, inicio de homem, uma legenda.
Em petiço me fiz homem,
Pelo tamanho que tenho,
Não pelas patas de um petiço,
Pelos cuscos fui um grande amigo,
Eu deles e eles meu, um feitiço.
Um feitiço no amor pelos cachorros,
Meus parceiros de caçadas
Em noite escura, tatu, mulita,
Caçava de tudo com meus “perros”
Noite grande, lua escura, bendita.
Tatus gostam de noite escura,
Petiços gostam de estribarias,
Principalmente no inverno.
Guri gosta de caçada, fuzarca,
Estripulia, guri não gosta de caderno.
E assim o mundo campesino
Começa com estes três,
O gaúcho foi guri que teve cachorro.
Nos campos do sul tem petiços,
Para estudar o gaúcho, a eles recorro.
Em piá sofrenei ausências,
Não segurei rédeas, nem cabrestos,
Sonhava com um tubiano petiço.
De pés descalços ia pra escola
Não ter um maceta, que tristeza por isso!
Na madrugada buscar as vacas leiteiras,
O meu cusco ia comigo em manhãs frias,
Geada grande, manhãs de chuvisco,
Inverno brabo eu encarangado,
Lhes garanto que é verdade isto.
Sofria muito este guri de campo,
Que trabalhava e ia à escola,
Dormia cedo acordava mais ainda,
Eu só com meu cusco e sem petiço,
Quebrando geada em manhãs lindas.
E assim encerrou o ciclo
Deste guri de campo, saiu,
Tomou rumo na vida, outros serviços,
Correu o tempo e o mundo,
Não mais de pés descalços, mas sem petiço.