Poeta: Osmar Ransolin
Levanto cedo e já saltei pra fora
que o dia é curto pra quem tem andança,
a mãe me intica se já vou embora
e depois recorda que ainda sou criança.
O tempo é curto pra correr estrada,
escalar mangueira e atorar caminho,
bigode de apojo pelas madrugadas
e uns butiá no bolso pra comer coquinho.
Me faço tropeiro na grama da estância
com gado de osso que trago amarrado,
e o cusco ovelheiro me olha à distância
querendo roer o meu boi premiado!
Tem lida campeira a manhã inteira
e assusto os gansos na taipa do poço,
depois enveredo rumando a porteira
num flete-taquara fazendo alvoroço.
E assim passo o dia, cruzando invernada,
“errado de coice” e forçando alambrado…
Me gastam o nome berrando na estrada
que eu sou um ginete dos mais afamado!
À noite o patrão retorna à estância
e eu sou obrigado a contar o que fiz,
mas durmo no meio, das quadras da infância
enquanto meu pai me olha, feliz.