Poetas: Mauro Nardes e Mario Amaral

Quando a saudade ponteia
O meu tempo de criança
Pelas linhas de “pescar”
Trinam antigas lembranças

A caixa de marmelada
Moldava o fundo e o tampo
Com um corte se abria a boca
O rastilho preso a um grampo

Ao pé do braço, a alma,
Para firmar o meu pinho
De um galho de pitangueira
Onde o Sabiá faz o seu ninho

O cavalete e a pestana
Do seresteiro violão
Foram feitos a capricho
Pelas mãos do artesão

As cravelhas de angico
Retratavam a experiência
Ao afinarem as cordas
Com a gana da querência

As cordinhas esticadas
A cifra escrita na mão
E as batidas vibravam
A casa do coração

Cada seresta que escuto
No galpão do pensamento
Minha vida se renova
No timbre do instrumento.

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