Poeta: Suelen Mombaque Schneider

Me chamam de especial…
Mas especial não seria poder voar,
Em vez de eu não conseguir caminhar?

Especial não seria ser um super-herói?
Saltar como o homem aranha?
Sentir os pés no estribo, me jogar de um alazão
Com uma lança na mão e a na outra um mosquetão?
E ser como um capitão,
Tendo pernas biônicas, em vez de não senti-las?

Ou eu talvez me enquadre como uma lenda,
Tal qual o Saci Pererê…
Meus pais me dizem que sou especial,
Mas não quero ser especial, e sim, normal.

Normal pra correr pelas campinas,
Normal pra dançar as cantigas!
Normal pra brincar de pique esconde e jogar uma pipa.
Mas só consigo brincar com bolitas, pequeca e pião.
Talvez eu jogue as cinco marias com a mão,
Pra ver se lá do céu a Mãe Maior, me responde…

Mas não sei…
Enquanto isso
Penso…

Será então que sou anormal?
Que palavra de prefixo forte!
Quando alguém fala
Pareço vir de Marte,
Ou de outro planeta de pessoas diferentes…
Ou quem sabe, talvez eu venha?
Com super poderes de X-man, sendo eu, um mutante?
Só de ouvir esporeia a alma e eu me sinto tão mal.

Mas acho que anormal também não seria…
Porque me chamam de especial e não faço nenhum mal.
Anormais são as pessoas que ferem, matam e roubam…
Então, estou longe de ser anormal!

Porque é normal usar as pernas pra fugir após fazer o mal?
E seria normal, usar os membros firmes pra pisar nas feridas
De algum irmão convalescido?

Seria normal ser um demente, após ver gente doente,
Nas filas de algum hospital e não fazer nada, afinal?

Normal… Não! E muito menos anormal.

Será que eu seria então doente? Mas será?
Porque a única coisa que me dói
É o peito quando alguém me olha com dó.
Não tenho dor em mais nada, só no coração.
Talvez minhas pernas estejam adormecidas,
Esperando que o beijo de um príncipe
As desperte para eu dançar uma ciranda.
– Então não! Doente também não!

Porque pra mim doente,
È quem tem a ganância na mente,
Quem tem língua de traição,
Mãos que roubam o pão,
Usando os olhos da indiferença pra um coração,

E a cegueira do egoísmo pra um irmão.
Minhas pernas estão adormecidas,
Mas não meus olhos, nem meus ouvidos…
Muito menos meu coração….
Este que se encontra aquecida
Pelas garras da fé, serena e calma.

Falam pra mim acreditar no invisível,
Mas sou assim por não crer?
Como crer sem conhecer
Se eu nasci sem poder aprender?

A culpa é de Deus? Mas onde eu pequei, meu Senhor?
Se somos todos perfeitos aos olhos do Criador?

Não. A culpa não é de Deus!
Pois se somos perfeitos,
Não sou imperfeito.
Pois há um Deus supremo,
Que nos ama ao extremo.
Não sou especial,
Não sou normal,
Muito menos anormal,
E não há quem me diga descrente.

E menos ainda deficiente.
Deficiente é aquele que falta a alma!
Cegos espirituais!
Surdos pra fé!
Mudos pra o bem!

Aos olhos do mundo serei passional,
Pois eles não percebem de forma racional,
Que eu sou a forma que ensina num mundo incoerente,
Que as diferenças são as somas pra ensinar pra tanta gente.

Que quem não tem pés e nem mãos,
Não os precisa para amar,
Nem braços pra alma abraçar,
Menos ainda pernas pra alma voar…
E quem dirá voz para a alma versejar.

Porque eu bato com teu espelho,
Sou o que o teu corpo tem medo,
Mas nada que me faça recuar,
No mundo sou verso pra Deus inspirar!

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