Poeta: Tatiane da Rosa Crestani

Acredito que no inverno,
Sem a aquarela e suas cores
Só com o branco das geadas
E as noites frias mais longas,
Todos os bichos se escondem
Fazendo suas provisões
Para o frio que se prolonga.

São solitárias as árvores
Com suas folhas pelo chão,
Sem o balanço dos ramos
Que enamoram a brisa
Numa dança envaidecida
Com os frutos da estação,
Retirados pelo tempo.

De fato, o clima é propício,
Para a seresta dos grilos,
Que perdem sua habilidade
Na brancura da geada,
Então se guardam nas macegas
Na espera da outra paragem
No rodar do lusco-fusco.

Tenho pra mim que a cigarra
Canta melodiosamente,
Pelos dias de verão.
Esquecendo o frio intenso
Vive só de diversão,
Agora pensa na janta
Do formigueiro ladrão.

Este, por certo zelou,
Seu farnel de gostosuras.
As formiguinhas, astutas,
Com seu exército fiel
Trabalharam com afinco,
Incansáveis no papel
De operárias da colônia.

Eu estava outro dia,
A procurar as abelhas
Senti certa estranheza
Pois nenhuma eu encontrei.
Percebi que estavam juntas
Recolhidas na colmeia
A zelar por sua rainha.

Explorando as borboletas,
Fui ouvindo o som do campo,
A procura de sua cor…
Achei uma, bem escondida,
Na fissura de uma árvore
Esperando a primavera
Para beijar as suas flores!

Enquanto isso, na porteira,
De frente pra o corredor,
Um João de barro metido,
No seu serviço de oleiro
Hasteou a sua bandeira
Em frente a sua morada,
Onde irá trazer a amada!

Debaixo do meu chapéu…
Encontrei uma aranha…
Tecendo sua teia… Que
Baita susto levei! Depois
Ao apreciá-la… Majestosa
Trabalhando… Que lindo,
Que eu achei…

E entre um cochilo e outro
Ouço vozes pelo campo
Parecendo uma oração,
Então lembro do mascote,
O Quero-Quero gritão
Que passeia livremente
No quintal do meu avô!

Entreguei-me aos pensamentos
Encerrando o meu dia,
A noite desceu silente…
Num quadro emoldurado…
Cabresteando o amanhecer
Retalhos de poesia
Obra da mãe natureza.

No aguardo de um novo estágio
Em perfeita harmonia,
Eles nos mostram magia
Dos seus próprios caminhos.
E irão redundar a festa
Pinceladas de emoção
No lindo ciclo da vida!

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