Poeta: Adão Quevedo

De vestidinho puído,
meia furada no pé
e um olhar enternecido
vai Maria Nazaré.

Da sua casa à escolinha,
pela visão de Maria,
aquela velha estradinha
era de sonho e alegria.

Nestas famílias antigas
onde impera a humildade,
a educação é mais rígida
do que os ricos da cidade.

Ah…
Mas um pé de bergamota!
Não há cristão que resista;
meia dúzia ninguém nota,
ninguém conta nem registra.

Fruta madura na estrada,
chamando… ninguém merece!
Antes de ser arrancada…
o próprio galho oferece.

Se alguém pensa que é pecado
é porque nunca comeu!
Bergamota é um bem sagrado
da terra que Deus nos deu.

O cheiro forte, o olor,
da casca que denuncia,
perante a Nosso senhor…
não é roubo… é poesia.

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