Poeta: Adão Bernerdes

Sou menina, sou mulher
Cheia de mediunidade
Encarnei Caetana Garcia
Heroína de verdade.

Aqui faço a regressão
Me torno essa personagem
Da minha infância uruguaia
Cada fato, cada imagem.

Entre o Uruguai e o Río grande
Infância e adolescência
Bebendo a cultura pátria
Onde vou faço querência.

Então me vejo mulher
Sentindo ânsia de amar
O verdor dessas campinas
Carrego no meu olhar.

Completo dezesseis anos
E conheço meu general
Juras de amor e de honra
Na união matrimonial.

Tenho flores, tenho espinhos
No meu projeto de vida
A “Uruguaiana” do Bento
Flor cheirosa e destemida.

A menininha de Melo
Se faz mulher do amanhã
Como num conto de fadas
Fazendeira em Camaquã.

Já sou Caetana Gonçalves
Para amar e querer bem
Por ser mulher de soldado
Serei soldado também.

Trinta e cinco traz a guerra
Vem pra testar quem é forte
Eu “soldado” não me assusto
Nem me acovardo pra morte.

Se o general vai ao front
Em casa cerro trincheira
Nos anseios das esperas
As estratégias guerreiras.

Oito rebentos na volta
Três moças cinco meninos
De Caetana e o General
Oito guerreiros genuínos.

A peleia da mulher
Na fazenda é diferente
Hora remenda bombacha
Hora na cura de doente.

Quartos da casa, galpão
Tudo vira enfermaria
Sem perder o fio da meada
Caetana assim combatia.

Para quem luta pela vida
O conforto da oração
E pra quem não tem mais jeito
A fé na extrema unção.

Assim Caetana guerreira
Foi mulher e foi soldado
Fazendo de Camaquã
Um grande posto avançado.

Saio dessa regressão
Volto a ser doce menina
Peleando pela cultura
Da minha pátria sulina.

Sou parte daquela guerra
Sou a doce “Uruguaiana”
E como toda gaúcha
Tenho muito de Caetana.

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