Poeta: Candido Brasil

Meu herói não usa capa,
meu herói usa um lenço,
topetudo e suspenso
que no pescoço empapa,
bota que nunca derrapa,
bombacha sem um embrome
segura sob o abdome,
com a guaiaca de couro,
fivela com letras de ouro
das iniciais do seu nome.

Meu herói não é de aço,
meu herói tem carne e osso,
um coração que eu ouço
sempre que ganho abraço,
com a força do seu braço
me ergue alto do solo,
me conduz a tiracolo
desde quando eu nasci,
chorei e me protegi
no escudo do seu colo.

Meu herói não viaja no tempo,
nem controla a natureza,
meu herói sai em defesa
de cousas de fundamento,
da família – seu alento,
da liberdade e igualdade,
do respeito e amizade,
da tradição que inspira,
da luta para a mentira
não superar a verdade.

Meu herói não é dos seres
que voam na imensidão,
meu herói tem pés no chão
e os seus próprios dizeres,
possui seus superpoderes
sem nem precisar falar,
basta apenas o olhar
para mandar seu recado,
que para ser respeitado
é preciso respeitar.

Meu herói não tem disfarce,
meu herói eu reconheço,
tem um nome, endereço
e sempre a mesma face,
seu ponto fraco renasce
no amor que sobressai
por minha mãe que atrai
o poder do seu idílio,
meu herói me chama de filho
e eu o chamo de pai.

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