Poeta: Jeferson Monteiro

Na estância dos “ mão pelada “
Onde por certo nasci,
Ouvi contos, e boatos,
Muitos e muitos relatos,
Mas nunca vi por aqui…
Que um tal rosilho maleva,
Batizado de “mingau” ,
Era o terror do momento
E fazia o “repartimento”
Dos guri… e dos “bagual”.

Piazote desavisado
Que chegasse assim, sem jeito,
Era apartado pra um lado,
E o pai, já no seu costado,
Dizia: dessa vez, tu foi eleito.
Batia o “apavoramento”
Parecia o fim do mundo,
Uns garravam pra o mato,
Outros, faceiro, de fato,
Pra enfrentar o tal cuiudo.

Até então, tudo isso,
Era só imaginação,
“Cosa” que inventam pros piá,
Pra “pará” de “incomodá”,
E não se “fazê” de machão.
Mas vi meu mundo pequeno
No dia que fiz o alarde,
O “véio” chegou bufando,
E logo já foi falando,
Amanhã, tu que me aguarde!

Mas vê se tem cabimento,
Quem me mandou duvidar?
Se a boca ficasse fechada,
Eu seguia dando risada,
Sem precisar me “amostrar”.
Agora, não sei o que faço,
Se rezo e peço perdão,
Ou , se uso minha estrutura,
E as pernas de saracura,
Pra me “afirma” com os garrão.

O galo nem tinha cantado,
Me “alevantei” de mansinho.
Pensei, com a minha cabeça,
Antes que o sol apareça,
Eu me “zarpo” de fininho.
Mas ficou só na cabeça…
As alpargata do pai
Tinham sensor de movimento,
Nos ouvido senti os vento
E um grito de: ONDE TU PENSA QUE VAI?

Calcei as botas judiadas,
“Garrei” o mango, e as esporas,
E o “véio” me debochando,
Seguia, me escoltando,
Até os capão , lá de fora.
Se juntaram a peonada
Era um olhando pro outro,
Num repente me vendaram,
Dois deles, me agarraram,
E largaram em cima do potro.

Gritaram: TE AFIRMA GURI!
Senti as crina embolada
E já trancei entre os dedos,
Tremendo, borrado de medo,
E eles, na gargalhada.
O bicho se alvorotou
Se foi, parece, pra o céu,
Eu me “afirmei” como pude,
Pedindo, Deus que me ajude,
Voltei, tombei de boléu.

Enquanto eu me “alevantava”
A venda se desprendia,
E quando fiquei de frente,
Com o tal “pavor da gente”
Não sei se eu chorava, ou ria.
As crinas falsificadas,
Uma corda em cada ponta,
O corpo, tambor e taquara,
E estampado na minha cara,

A frase: MAIS UM PIÁ BOBO, PRA CONTA!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *